Estudo com 5050 adolescentes portugueses, com uma média de 14 anos, mostra que consumo de tabaco e
do álcool está a descer e o de haxixe a aumentar.
Os jovens costumam mutilar-se em partes do corpo não visíveis, diz estudo (Nelson Garrido)
É um fenómeno que tem sido detectado noutros países: há adolescentes que se magoam a si próprios com
pequenos cortes, pequenas queimaduras. No estudo sobre adolescentes portugueses que hoje, dia 14 de Abril, é
apresentado em Lisboa fez-se a pergunta pela primeira vez e a resposta deixou a coordenadora do estudo "assustada": 15,6 por cento referem "ter-se magoado de propósito nos últimos 12 meses, mais do que uma vez".
Em idas a congressos internacionais onde se falava destes comportamentos, Margarida Gaspar de Matos, a coordenadora do estudo português que é feito no âmbito da Organização Mundial de Saúde e em que participam mais 43 países, sempre achou que a realidade não afectaria Portugal da mesma forma. Mas, como sabia que era "um fenómeno geracional" em vários países, decidiu incluir perguntas sobre o tema no estudo dos comportamentos dos jovens em idade escolar, realizado no ano passado, e que já tinha sido
feito em 1998, 2002 e 2006. Os resultados, admite, surpreenderam-na. São 15,6 por cento os adolescentes dos 6.º, 8.º e 10.º anos de escolaridade, com uma média de idades de 14 anos, que referem ter-se magoado de propósito nos últimos meses. Cerca de metade (52,9 por cento) disse tê-lo feito nos braços, 24,7 por cento nas pernas, 16,7 na barriga e 22,5 por cento noutros locais do corpo. A amostra é representativa desta população: foram inquiridos 5050 jovens.
"Magoam-se normalmente em sítios não visíveis", explica Margarida Gaspar de Matos, que dirige a equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana e Centro de Malária e Doenças Tropicais, em Lisboa. Trata-se de agressões autodirigidas que servem "como forma de auto-regulação emocional", sintoma "da dificuldade em gerir emoções". "São adolescentes que não conseguem lidar de outra forma
com o facto de estarem tristes, irritados, desesperados", continua.
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